O Futuro presente: Déjà Vus dentro de Fora do Eixo    
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picture17 October 2013

Déjà Vus dentro de Fora do Eixo
por Max Sandor

Onde menos me esperava, voilà, os 'déjà vus' me chocavam, no Domingo na Casa, dentro do Fora de Eixo, dois dias atrás, ou foram já 44 anos que passaram?

Uma turma de jovens numa sala pequena, semi-circulados, enquadrando, alguns mestres do passado - 'aonde vamos?- ninguem sabe. O inverno frio já passou, a primavera estava ainda por chegar, em bermudas todo mundo, roupas quentes de lado, só em caso. Foi assim em Frankfurt, em 1969. Assim mesmo me senti, neste domingo passado em Sampa, no bairro da Liberdade.

Nas caras na platéia, se misturavam: paixão pela vida, e tesão pelas palavras elaboradas. Geometria conhecida nos diálogos entre os mundos; uns que já se provaram na vida, dando conselho sábio pra quem quer ouvir, outros aspirantes ao futuro em volta deles, com bocas meio abertas, esperando sem esperar, as bochechas avermelhadas do amistoso contra as bochechas pálidas enrugadas. focados pelos seus líderes, com os craques acadêmicos ao lado. E aí? quais seriam os movimentos que queremos?

O Adorno, bem antes de chegar só com a polícia, gostava de falar sobre o futuro no passado. O que ele diria, companheiros, em frente das câmeras da PósTV? Ele mesmo, o profeta da estética da cultura falida, aquele que escreveu o próprio 'Prólogo da TV, o que ele diria?

O Adorno apontaria pro início, 60 anos atrás. A tv no Brasil celebrava os seus três aninhos. Para Adorno, o quadro já estava enquadrado: 'Os humanos, ao invés de serem mudados, estão fixados ao inevitável' - ele disse- no 'Prólogo à TV', em 1953. Assim foi, assim é! hoje em Sampa, Adorno diria: 'Se mudou, o que foi?' Se vai mudar alguma coisa, o que seria?

Em Sampa 2013, as respostas variam com as roupas intelectuais, as maquiagens mentais, as pretensões de saber e o ambiente sócio-cultural de cada um, até a questão extrema de 'é melhor quebrar o que ainda não está quebrado?'. Déjà vus, um depois do outro; o meu próprio papel alí, muito diferente daquele em Frankfurt, na primavera de 1969.

Seja uma esperança, ou a minha ingenuidade, ou uma certa curiosidade; estou olhando uma nova encenação de um show antigo, do que poucos atores atuais se dão conta, porque os shows anteriores foram esquecidos. Não cancelados, não bem sucedidos, não falidos, nem vencidos - simplesmente dissolvidos como ondas na praia, e, ao fim, sim, esquecidos.


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